quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As coisas que ouvi....

Tava aqui lembrando de algumas frases que ouvi nesse minha vida, já tão longa.
Frases que não esqueci nem por um minuto, mesmo que não deitasse e levantasse pensando nelas.
Frases que me fizeram sentir o melhor e o pior de mim em segundos.

Então vamos a elas, obviamente farei alguns comentários que talvez contextualizem a situação, outros servirão mesmo pra reforçar o que eu nunca esqueci.

A moça do Conselho Tutelar: "Ah, mais umas varadinhas pra educar, a gente aconselha os pais a darem!!!", nessa eu me lembro perfeitmente do meu olhar, acho que Dalton e Viumar também nunca se esqueceram...

O Prefeito Carvoeiro, Latifundiário: "Esse povo a hora que mexe no bolso é tudo igual", Nossaaaa...essa eu não me acalmei....Esse povo deveria gastar pelo menos 4 reais por semana pra condução, só que o salário da semana é em média 10 reais. Acho que eu também não ia gostar que mexessem no meu bolso. Vale lembrar que o Prefeito Carvoeiro e Latifundiário, explora mão de obra infantil, e oferece um salário e condições de trabalho, que pra ele são dignas, que mais se parecem com a escravidão.

A Secretária: "Eu quero que vocês ensinem pra esses professores os deveres deles!", Ah, esqueceram de avisar a ela que esse deveres vem acompanhados de boa dose de direitos. E que "esses professores" ganham salário de miséria, caminham quilômetros pra ensinar esses meninos a ter dignidade, que sofrem por não poder fazer mais do que fazem( e olha que fazem muito, diria até o impossivel).

A Formatura: "Gostaria de agradecer ao prefeito(esse é o mesmo prefeito de uma frase anterior) por nos dar a escola, nossos livros e permitir que a gente pudesse estudar". Posso estar enganada, acredito que não esteja, mas o Prefeito não deu a escola, ele não possibilitou que eles estudassem, mas o pior, o pior, é que ele aplaudiu de pé, quase aos berros, todos esses meninos que "ele possibilitou estudar" lendo pra ele um discurso, quase que soletrado. As crianças estavam formando e não sabiam ler, e ele sentia um orgulho imenso. Afinal, essas crianças não eram nada mais que números e garantias de reeleição.
Fato importante, muito importante: Eu também aplaudi. Mas, a vitória das crianças, que conseguiram "passar de ano" e ter mais uma ano de merenda ( a única garantia diária de alimento). Aplaudi também os pais, ahhh esses eu aplaudi chorando, por que conseguiram possibilitar, esses sim possibilitaram alguma coisa, que seus filhos soubessem assinar seus próprios nomes.

O menino de 8 anos: "Tia, posso ir com você?", esse me fez chorar, mais me fez chorar muito. Ele queria ir embora, mas ele não queria fugir da vida dificil. Ele queria ir embora pra Belo Horizonte trabalhar pra dar uma vida melhor aos dois irmãos e a mãe. O irmão de 6 que trabalhava com ele na roça, o irmão de 4 que cuidava da mãe asmática e que havia sido largada pelo marido porque não conseguia mais fazer sexo. Afinal, asma crônica, paciente quase sem respirar, sem nenhum recurso financeiro, médico, já a beira da morte, não devia mesmo fazer sexo, bom, eu não faria.

O mesmo menino de 8 anos: "Tia, eu já tenho 20 reais." Esses 20 reais, foram duas semanas de corte de cana. Esse mesmo 20 reais é para ajudar no sustento da familia (os dois irmãos e a mãe) Além disso, os 20 reais também pagam a condução (aquela lá de cima). Ah, o pai. O pai "casou-se" com a surda-muda, fez mais três filhos (que também estavam na formatura e que também trabalham na roça).

Uma menina: "Tia, por que os dias felizes acabam tão depressa?". Nessa aí eu só chorei, não me lembro de ter dito alguma coisa. Mas, eu me lembrei dela por vários dias. Ah, eu ainda não achei a resposta.


Também ouvi frases que me fizeram chorar de felicidade, sem nem sinal de indignação. E que são lembradas, tanto quanto as outras, todos os dias.

A Senhora: "Ô minha fia, você é tão boa, tão parecida com a gente. Não vai embora não!", a '"fia" era eu, eu mesma. E como fui feliz por ter conseguido chegar perto dessas pessoas que pra mim são tão iguais.


O Zito: "Eu vou comprar um bichinho e ele vai começar a comer a lingua dela. Depois vai comer todo o corpo. Eu vou matar ela. Você num concorda comigo?", essa foi engraçada, meu humor negro ajuda a acha-la engraçada. O Zito tava bebado, muito bebado...E havia acabado de discordar dele com essa mesma frase. Acho que na verdade ele quis me dar uma chance pra concordar com ele.

Eu: "Zito, num bebe não. Beber faz mal, sô." essa também tá aqui nessa parte. Por que toda vez que eu lembro disso, eu lembro das pessoas ao meu lado "rachando" de rir. Eles riam, por que olha só quem aconselhava, isso mesmo, eu. Logo, a adepta da bebida alcoolica, moderadamente...rsrs... Tá vendo, tem que rir mesmo.

O que há de comum nessas frases, nesses momentos, é que em todos eles eu ouvi a frase: "Acalme-se."; "Calma, Maria."; "Gó, calma."; "Maria da Glória, fique calma."(essa foi a do prefeito..rsrs... afinal, ele me tirou do sério.E eu acho que fui eu mesma que me disse essa frase.

Vixe Maria, tem muito mais de onde vieram essas. Mas...vai ficar pra um outro momento, por que eu já me sinto mais calma.

GIU: "Olha, o máximo que vc pode fazer é sua parte, não se esqueça disso..."

Hoje, olhando pra trás, vendo o que fiz e ainda faço, Giu, essa é a única certeza que tenho: "Eu tô fazendo a minha parte." De toda forma, brigadão....

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de Cidadania/Coordenadoria de Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência realizará de 21 de setembro à 9 de outubro a 16ª Semana da Pessoa com Deficiência com o tema "Sinal Verde para inclusão".

sábado, 12 de setembro de 2009

PRATICANDO A MUDANÇA


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedida do trabalho?
Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...

Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora.
Soltar.
Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..

E lembra-te:

Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão".
Fernando Pessoa